O Ramadã de Aysun
Em Serik, uma pequena cidade a 40 quilômetros de Antália, no sudoeste da Turquia, a agricultora Aysun Ozbek, 50, é uma das poucas camponesas de sua região que faz o “oruç” (jejum, em turco) no ramadã. No mês sagrado dos muçulmanos, que celebram a revelação do Alcorão no calendário islâmico, ela não come nem bebe, nem mesmo água, durante o dia. É um momento de reflexão e purificação.
A senhora, que neste ano completa 40 anos de "oruç" no ramadã, planta pimenta, pimentão e tomates em suas cinco estufas durante a primavera na Turquia. Com o verão se aproximando, o calor muitas vezes torna o trabalho na estufa inviável, fazendo com que Ozbek reduza pela metade --de oito para quatro-- as horas em que trabalha.
Os dias em Serik são bastante longos durante o fim da primavera. No 26° dia de ramadã, havia luz desde as 5:37 da manhã até as 20:18. “É um mês difícil, mas muito importante pra nós. Por isso nos programamos antes, para o trabalho não ficar muito exaustivo”, a agricultora explica com um imenso sorriso no rosto. A refeição ao por do sol, conhecida como "iftar", é a melhor parte do dia para Ozbek. Ela conta, orgulhosa, que já leu o alcorão em árabe incontáveis vezes. "É o livro sagrado. Todo muçulmano deveria saber ler as palavras que o profeta escreveu."
Após o "iftar", Ozbek estende o tapete no chão da sala e faz a última das cinco orações diárias dos muçulmanos. Vai então dormir, para acordar às 3h, alimentar-se antes de o sol nascer e repetir tudo novamente no dia seguinte. O que às vezes pode soar como um processo doloroso e exaustivo, é para essa agricultora um motivo de orgulho e gratidão.